Texto apresentado na Tese da Kizomba para o 2º Congresso da UEB
As Universidades sempre foram protagonistas na vanguarda dos movimentos culturais no Brasil. No final da década de 1960 tem-se o exemplo do Tropicalismo surgido pelos corredores e escolas da UFBA, este movimento revolucionou a estética da música brasileira. Os jovens trazem em si uma ânsia pelo novo, a vontade de descobrir suas raízes e fazer releituras delas, a necessidade de produzir e de serem vistos e apreciados. Grandes artistas começaram suas carreiras a partir de encontros ocorridos dentro das Universidades.
Por que isto mudou? Por que as intervenções e produtos destinados à juventude são realizados por grandes conglomerados empresariais? Por que os circuitos de arte e cultura estudantis são tão etéreos? Por que não há ações efetivas das Universidades para o fomento de produtos culturais produzidos por jovens? Será que a juventude só está presente para consumir grandes festas de camisa, o carnaval, as músicas mais tocadas ou vindas de outros países? Estes questionamentos estão nas cabeças de muitos jovens que anseiam por espaço e respeito, que querem visibilidade para a sua produção, que desejam incentivos para a realização de suas idéias.
A juventude tem como dever o debate exaustivo das nossas raízes culturais, da nossa ascendência negra, indígena, quilombola. O patrimônio imaterial e imensurável está se distanciando, não se sabe mais sobre a própria história; perde-se a memória cultural, perde-se a identidade. A diversidade cultural baiana é um reflexo do que se encontra pelo Brasil a dentro. Faz-se necessário a preservação, transformação e roupagem nova às nossas manifestações culturais. A vanguarda na cultura é papel da juventude brasileira.
Falar de cultura e fazer o recorte para a juventude torna-se tarefa gratificante graças ao passado, com seus grandes exemplos, mas, atualmente, realizar projetos culturais não tem se mostrado tarefa tão fácil assim. O mercado cultural dita o que deve ou não ser consumido, há a disputa de recursos com todos os outros recortes e segmentos da área cultural, dentro das Universidades a produção e estudos culturais têm pouquíssimo espaço. A juventude brasileira não pode ficar presa a um underground eterno ou ao entretenimento inócuo e de prazer imediato. O papel que cabe ao jovem é o de lutar pela produção do conhecimento, pela visibilidade para os seus produtos culturais, pelas mostras estudantis efetivas, por mecanismos de fomento à produção cultural universitária, pelo resgate de nossas tradições culturais, pelo uso de novas linguagens e técnicas artísticas, pela expansão das discussões do campo da cultura em sua compreensão macro e em todas as instâncias. Falar de produção cultural é falar de história, identidade, tecnologia, crenças, geografia, filosofia, etc.
Cabe a nós, juventude brasileira, lutarmos por espaços de representação e produção efetiva para na área cultural. Temos que assumir o nosso papel de protagonistas do processo de criação e consumo de bens culturais.
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